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"A Não-Existência como Construção Social: Uma Análise Neuropsicológica do Desenvolvimento Infantil"

Atualizado: 2 de jul.

Cérebro humano, crianças explorando ideias, Neuropsicanálise Clínica: Explorando os Benefícios dessa Abordagem Inovadora

Autor: "Adilson Reichert, Psicoterapeuta"

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Introdução: O Enigma do Livro e da Caneta

Imagine uma criança diante de dois objetos: um livro e uma caneta. Ao ser questionada “Qual não é o livro?”, ela aponta para o próprio livro. Essa resposta, aparentemente contraditória, revela um fascinante aspecto do desenvolvimento cognitivo humano: a não-existência como construção social. Neste artigo, exploraremos como conceitos abstratos como "não ser" são internalizados por meio de interações sociais e por que a mente infantil, em estágios iniciais, opera a partir de uma lógica distinta da adulta.


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1. A Base Neurológica do Entendimento da Existência

O cérebro infantil é programado para reconhecer e categorizar o mundo com base no que é concreto e presente. Segundo Piaget, até os 7 anos, a criança está no estágio pré-operatório, onde predominam o pensamento simbólico e a dificuldade com abstrações. A noção de "não existir" exige a capacidade de manipular ideias ausentes, algo que depende do amadurecimento do córtex pré-frontal, responsável pelo raciocínio lógico e flexível.


- Exemplo Prático: Quando perguntamos “O que não é o livro?”, a criança ouve a palavra “livro” e a associa ao objeto físico, ignorando a partícula “não”. Seu cérebro ainda não desenvolveu redes neurais para processar negações complexas.

Ilustração: médico e criança, cérebro, neuropsicanálise clínica

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2. A Construção Social da Realidade

Conceitos como "não-existência" não são inatos: são ensinados por meio da linguagem e da cultura. Vygotsky destacou que a internalização de abstrações depende de ferramentas culturais, como palavras e símbolos. Para uma criança, "não ser" é inicialmente incompreensível, pois seu mundo é povoado por coisas tangíveis. A sociedade, aos poucos, introduz a ideia de ausência por meio de frases como “Isso não está aqui” ou “Isso não é um brinquedo”.


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3. Revisitando o Exemplo: Por que a Criança Aponta para o Livro?

A resposta da criança não é um erro, mas um reflexo de seu modelo mental em formação:

1. Foco no Concreto: Ela reconhece o livro como objeto familiar e prioriza a referência direta.

2. Dificuldade com Negação: A partícula “não” exige um salto cognitivo para imaginar a exclusão de algo, habilidade que surge após repetidas experiências sociais.

3. Confusão Semântica: A pergunta pode ser interpretada como “Qual é o livro?”, já que a negação ainda não faz parte de seu repertório.

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4. Implicações para a Educação e Parentalidade

Compreender essa limitação cognitiva é crucial para pais e educadores:

- Use Afirmações Claras: Em vez de “Não corra”, prefira “Ande devagar”.

- Introduza Abstrações Gradualmente: Jogos de "o que falta?" ou histórias com elementos ausentes ajudam a construir a noção de não-existência.

- Paciência como Ferramenta: Respeite o tempo neurológico da criança. Conceitos abstratos são consolidados por volta dos 7-8 anos.

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5. Perspectivas Filosóficas e Psicológicas

A não-existência é um tema que atravessa a filosofia (Heidegger, Sartre) e a psicologia existencial. Para adultos, a angústia diante do "nada" muitas vezes remete a uma internalização incompleta desses constructos na infância. Em terapia, explorar como o paciente lida com ausências (perdas, frustrações) pode revelar padrões enraizados em seu desenvolvimento inicial.

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Conclusão: A Não-Existência como Jogo de Aprendizagem

A criança que aponta para o livro nos lembra que a realidade é uma teia de significados compartilhados. A não-existência, longe de ser óbvia, é uma dança entre biologia e cultura, moldada por sinapses e interações. Como profissionais e cuidadores, cabe a nós guiar os pequenos nessa jornada, transformando o abstrato em algo palpável — um ato tão simples quanto ensinar que, às vezes, o que não está visível é tão importante quanto o que está.


Adilson Reichert é Psicoterapeuta pós graduado especializado em Neuropsicanálise clínica e Terapia Cognitiva Comportamental, autor de diversos artigos sobre cognição e comportamento. Atua no NeuroPsi Online, plataforma dedicada à divulgação e terapia em saúde mental.

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