"Terapia do Esquema: Entendendo Suas Contribuições, Limitações e História"
- Dr° Adilson Reichert
- 13 de abr.
- 3 min de leitura
Atualizado: 2 de jul.
Introdução
A Terapia do Esquema (TE) emergiu como uma abordagem inovadora para tratar problemas psicológicos complexos e crônicos, especialmente em casos em que terapias tradicionais, como a Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC), mostravam limitações. Desenvolvida para abordar padrões profundamente enraizados, a TE combina estratégias cognitivas, emocionais e comportamentais, focando nas origens dos transtornos mentais. Neste artigo, exploraremos sua história, conceitos-chave, contribuições e contextos em que ainda não é considerada a melhor opção.

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História e Criador
A Terapia do Esquema foi desenvolvida na década de 1980 pelo psicólogo americano Dr. Jeffrey Young, enquanto trabalhava com pacientes que não respondiam adequadamente à TCC clássica. Young percebeu que questões como traumas infantis, necessidades emocionais não atendidas e padrões repetitivos de comportamento exigiam uma abordagem mais ampla. Inspirado pela psicanálise, teoria do apego, Gestalt-terapia e TCC, ele criou um modelo integrativo que prioriza a cura de feridas emocionais profundas.
Seu livro "Schema Therapy: A Practitioner’s Guide" (2003) consolidou a TE como uma terapia estruturada, especialmente eficaz para transtornos de personalidade, como o Borderline (TPB). Estudos, como o de Giesen-Bloo et al. (2006), comprovaram sua superioridade em comparação a outras terapias para TPB, solidificando sua reputação.
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Conceitos Centrais da Terapia do Esquema
1. Esquemas Iniciais Desadaptativos (EIDs):
Padrões emocionais e cognitivos formados na infância, resultantes de necessidades não atendidas (ex.: segurança, autonomia). Young identificou 18 EIDs, como Abandono, Desconfiança e Imperfeição. Exemplo: uma criança criticada excessivamente pode desenvolver o esquema de Imperfeição, acreditando ser "defeituosa".
2. Estilos de Coping:
Respostas aos EIDs:
- Rendição: Aceitação passiva do esquema.
- Evasão: Fuga de situações que ativam o esquema.
- Hipercompensação: Comportamento oposto ao esquema (ex.: arrogância para mascarar insegurança).
3. Modos Esquemáticos:
Estados mentais momentâneos, como:
- Modo Criança Vulnerável: Sentimentos de desamparo.
- Modo Pais Disfuncionais: Internalização de críticas parentais.
- Modo Protetor Desligado: Embotamento emocional para evitar dor.
- Modo Adulto Saudável: Estado ideal de equilíbrio, promovido na terapia.
4. Técnicas Terapêuticas:
- Reparentalização Limitada: O terapeuta oferece suporte emocional não recebido na infância.
- Trabalho com Cadeiras: Diálogos entre "modos" para integrar emoções.
- Rescrita de Imagens: Revisão de memórias traumáticas para ressignificá-las.
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Contribuições e Destaques
1. Eficácia em Casos Complexos:
- Transtornos de Personalidade: Estudos mostram redução de sintomas no TPB e Transtorno Narcisista.
- Depressão Resistente: Aborda causas subjacentes, como esquemas de Fracasso ou Privação Emocional.
- Traumas Crônicos: Trabalha memórias dolorosas de forma estruturada.
2. Abordagem Integrativa:
Combina técnicas cognitivas (identificar pensamentos disfuncionais), experienciais (trabalhar emoções) e comportamentais (mudar hábitos), promovendo mudança holística.
3. Foco na Relação Terapêutica:
A reparentalização cria um vínculo seguro, essencial para pacientes com histórico de relacionamentos abusivos.
4. Prevenção de Recaídas:
Ao modificar esquemas profundos, reduz-se o risco de retorno aos padrões antigos.
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Limitações e Contextos de Menor Eficácia
1. Crises Agudas:
Não é a primeira escolha para emergências (ex.: risco suicida iminente), onde intervenções mais diretas (como DBT) são preferíveis.
2. Duração e Intensidade:
Sessões semanais por 1-2 anos podem ser inviáveis para pacientes que buscam soluções rápidas.
3. Evidências em Alguns Transtornos:
Ainda faltam estudos robustos para condições como TOC ou anorexia.
4. Disponibilidade de Terapeutas:
Exige treinamento especializado, ainda escasso em algumas regiões.
5. Cultura e Diversidade:
Esquemas são influenciados por contextos culturais. Terapeutas precisam adaptar técnicas para não impor visões ocidentais.
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Conclusão
A Terapia do Esquema revolucionou o tratamento de transtornos complexos ao unir técnicas variadas em um modelo coerente. Sua força está na capacidade de transformar padrões enraizados, oferecendo esperança para quem não melhorou com outras terapias. Porém, como qualquer abordagem, tem contextos em que é menos indicada.
Para pacientes e profissionais, a chave é avaliar se as necessidades específicas se alinham aos pontos fortes da TE. Com o avanço de pesquisas e treinamentos, espera-se que sua aplicação se torne ainda mais acessível e refinada.
Recursos Adicionais:
- Livro: "Schema Therapy: A Practitioner’s Guide" (Jeffrey Young).
- Estudo: Giesen-Bloo et al. (2006) sobre TE e TPB.
- Diretório de terapeutas certificados: International Society of Schema Therapy (ISST).
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